Passava das dez quando sai da cama.
Na realidade havia acordado algum tempo antes, porém não encontrei motivo pra levantar. Nos meus sonhos quase acordado que se deram nesse período de transição entre REM e alerta, via Madalena na cozinha falando pelos cotovelos, o pivete correndo e fazendo bagunça; gritando e chutando; enquanto eu, em meu mal-humor matinal conteria minha vontade na tênue linha entre explosão e ternura. Por isso hesitei em levantar. No entanto quando ouvi a casa vazia sem Madalena`s ou Lukinhas para infernizar minha manhã, levantei.
A primeira coisa que fiz foi cambalear até a cozinha e girar a garrafa térmica de cabeça pra baixo para galgar o último gole de café amanhecido; e isso prova que a garrafa térmica não funciona, e que a desgraçada da Madalena não teve o bom senso nem mesmo de me deixar café pronto antes de partir para a casa da mãe, como dizia seu bilhete:
Fui pra casa da minha mãe!
Por que você não tenta arrumar um emprego nesse meio tempo?
Garanto que isso não vai atrofiar seu tão precioso cérebro...
Com amor:
Ma.
É foda!
Saio da cozinha e me agarro ao meu maço de cigarros. Agora as empresas de cigarros inventaram de fazer um maço todo durinho que parece que está cheio mesmo quando está vazio; isso é pra que quando você pegue seus cigarros numa gana apoteótica de fumar o primeiro cigarro da manhã, perceba que fumou despreocupadamente na noite passada jurando por Deus que tinha ainda uns cinco caretas dentro do maço. Dessa forma você perde a noção de quanto fuma; fuma mais; e na manhã seguinte sai correndo de chinelos, bermuda rasgada e camiseta manchada de cândida para comprar mais. Desgraçados!
*
O bar do Purtuga é na rua debaixo de casa. Porém nesse curto percurso, as pessoas que me cruzam olham com cara de pena; outras nojo, como se a rua fosse um lugar excluso de suas vidas particulares, utilizada tão pouco e somente como via de locomoção para atingir ambientes privados, e sendo assim, necessitava do mínimo de requinte para transparecer em sua imagem, que seu destino individual é um lugar decente. Estou vestido mal sim! E daí? Só estou indo até o boteco comprar cigarros; preciso por um smoking?
Nem bem chego ao fim da artéria que corta a avenida e culmina em minha rua, me deparo com um caso antigo, de antes do pseudo casamento; Lili!
- Tá perdida – Abordo confiante para não parecer acanhado pelas vestes.
- Baltazar! – não me chamou pelo apelido: “Zá” - Firmeza? Eu tava no banco! A auto-escola não tinha maquininha de cartão... Tive de sacar! E você? Vai aonde?
Respondo rápido – Só vou comprar cigarros ali no Purtuga – no intuito de justificar meu desleixo.
- Ah ta... Iai... E as coisas, como andam?
Olho para seu corpo tão certinho, justo ao esqueleto nas partes certas. Não vai ter jeito! Vou ter de dar em cima dela. – Ah!... Tudo indo... Rolando como sempre. Mas e você; com muita pressa? – Existem dois parâmetros culminantemente diferentes neste momento: se ela disser que sim; um abraço. Se completar qualquer frase com a indagação “por quê”, poderei continuar mandando o texto e posso convencê-la a me fazer uma visita agora.
- Não muita por quê?
É uma resposta evasiva, o: “Não muita”, justifica isso. Preciso ganhar tempo. – Vamos indo ai! Nosso objetivo é pro mesmo lado...
*
Sobre a cama havia diversas revistas que empurrei de lado para atirá-la no espaço que abri. Comecei a despi-la aos poucos primeiro a camisetinha vermelha; justa. Não havia sutiã com alças de silicone e bojo para lhe cobrir os peitinhos perfeitos em forma de pêra, abocanho a circunferência rosada de seus mamilos ao mesmo tempo em que lhe desabotôo a bermuda jeans. Ajoelho-me entre suas pernas e visualizo a beldade deitada, com os braços estendidos para traz; os olhos fechados e a fisionomia perdida no êxtase do momento. Abaixo-lhe a bermuda com cuidado cinematográfico de um diretor que não quer perder nenhum take. Corro as mãos modelando sua silhueta escalando seu tronco com a boca, contorno-lhe os seios como se a quisesse cheirar toda, com força suficiente para lhe atravessar caso fosse feita de barro. Inverto o percurso desta vez atingindo seu sexo, isso a faz estremecer e arquear o ventre para cima num gesto de entrega total. Ela me arranca a camisa manchada de cândida e me beija o peito, segue quase que imitando meus movimentos com leveza gravitacional e nesse momento eu mesmo me encarrego da bermuda rasgada. Ela percebe minha ação e assim retribui-me o favor.
Sinto a quentura de sua boca por um tempo e então lhe puxo rispidamente pelos cabelos trazendo-a de volta a minha perspectiva. Penetro-a devagar no inicio e em seguida lhe faço sentir. Penetro-a de frente; costas; lado; por cima; na versal; na transversal; frenético possuído. Ela grita e eu sinto seu gozo, isso me faz castigar-lhe ainda mais, e mais, e mais... Até que eu a alcanço; gozo. Um jato espumante e denso. Direto na privada. Lavo o pau e as mãos, dou a descarga, e volto pra sala. Homenagear outra mulher não é traição. Afinal minha imaginação sempre excedeu meu poder de conquista.