Olhava um mofo desses que nascem entre as rachaduras do asfalto. Era verde, e formava dentro das diversas rachaduras uma espécie de mapa – algo que parecia com um mapa, é claro. Nesse momento, curvei-me para olhar mais de perto; e então mais perto. E quando me aproximei o suficiente - meu nariz já tocava o chão -, ouvi...:
- O que existe além, abismo? – Este era Friedrich, indagando a um amigo, o que existia além do ponto mais distante que as mentes e a tecnologia de seu mundo eram capazes de enxergar. Em nosso caso, o abismo ao qual Friedrich refere-se, é a guia da calçada.
- Não existe “além”! O abismo é infinito.
- Mas dizem que ele está em expansão. Como pode ser infinito e estar em expansão?
- Sei lá! Pra quê perguntar-se sobre isso. O abismo está lá e pronto.
- E se o abismo for infinito para nós apenas em relação ao nosso tamanho.
- Também é infinito em relação a um edifício.
- Sim! Mas digo em relação ao nosso mundo. E se por exemplo, o sol que nos ilumina for apenas uma lâmpada de um universo bem maior que o nosso. – Nesse momento Friedrich referia-se ao nosso poste de luz – Não dizem por aí que uma hora ou outra o sol vai apagar?! E se isso significar que a lâmpada deste universo bem maior que o nosso queimou. Toda nossa existência esta baseada no calor de uma lâmpada de um universo bem maior e quando ela queimar todos morreremos. Um eletricista deste outro universo trocará a lâmpada e a vida recomeçara a florescer em nosso mundo a partir da estaca zero. Por sua vez; esse universo bem maior tem um sol que é uma lâmpada de um universo bem maior e assim sucessivamente em escala infinita...
- Você quer dizer então que nossa existência; tudo que criamos em tecnologia; medicina; artes; ciência... Tudo isso durará o tempo de vida de uma lâmpada? E quando essa lâmpada desse mundo bem maior queimar, todos nós morreremos?
- É... Mais ou menos isso!
- Olha, Friedrich! A vida é muito curta. Se você esquentar a cabeça desse jeito não vai chegar aos dois segundos.
- Tens razão! A vida é muito curta.... Mas em relação ao quê?
Nota de Neruzka:
O mundo tal como conhecemos está em fase de deterioração constante. Assim como tudo nele. Tudo acaba. Tudo se transforma. Tudo é movimento. Nada é estático, porque existe em função do tempo. O Tempo relaciona-se conosco em relação à realização de nossa subjetividade latente. Ou seja, imaginemos uma mosca que viva um dia. Um dia, claro, é uma concepção nossa. No entanto, o que consideramos insignificante em termos de existência – um dia – para a mosca é o suficiente para que ela realize todo seu ciclo de existência. Sendo assim, o tempo não existe como forma fixa. Sua existência é relativa ao ciclo de existência de cada um que coexiste com ele. Logo, a vida, que tanto atribuímos o mérito de soberana; o sol que nos aquece; o universo que concluímos como o ápice do tudo... Talvez todo nosso vislumbre existencial seja uma breve explosão de rojão das comemorações de ano novo de um universo bem maior.
- O que existe além, abismo? – Este era Friedrich, indagando a um amigo, o que existia além do ponto mais distante que as mentes e a tecnologia de seu mundo eram capazes de enxergar. Em nosso caso, o abismo ao qual Friedrich refere-se, é a guia da calçada.
- Não existe “além”! O abismo é infinito.
- Mas dizem que ele está em expansão. Como pode ser infinito e estar em expansão?
- Sei lá! Pra quê perguntar-se sobre isso. O abismo está lá e pronto.
- E se o abismo for infinito para nós apenas em relação ao nosso tamanho.
- Também é infinito em relação a um edifício.
- Sim! Mas digo em relação ao nosso mundo. E se por exemplo, o sol que nos ilumina for apenas uma lâmpada de um universo bem maior que o nosso. – Nesse momento Friedrich referia-se ao nosso poste de luz – Não dizem por aí que uma hora ou outra o sol vai apagar?! E se isso significar que a lâmpada deste universo bem maior que o nosso queimou. Toda nossa existência esta baseada no calor de uma lâmpada de um universo bem maior e quando ela queimar todos morreremos. Um eletricista deste outro universo trocará a lâmpada e a vida recomeçara a florescer em nosso mundo a partir da estaca zero. Por sua vez; esse universo bem maior tem um sol que é uma lâmpada de um universo bem maior e assim sucessivamente em escala infinita...
- Você quer dizer então que nossa existência; tudo que criamos em tecnologia; medicina; artes; ciência... Tudo isso durará o tempo de vida de uma lâmpada? E quando essa lâmpada desse mundo bem maior queimar, todos nós morreremos?
- É... Mais ou menos isso!
- Olha, Friedrich! A vida é muito curta. Se você esquentar a cabeça desse jeito não vai chegar aos dois segundos.
- Tens razão! A vida é muito curta.... Mas em relação ao quê?
Nota de Neruzka:
O mundo tal como conhecemos está em fase de deterioração constante. Assim como tudo nele. Tudo acaba. Tudo se transforma. Tudo é movimento. Nada é estático, porque existe em função do tempo. O Tempo relaciona-se conosco em relação à realização de nossa subjetividade latente. Ou seja, imaginemos uma mosca que viva um dia. Um dia, claro, é uma concepção nossa. No entanto, o que consideramos insignificante em termos de existência – um dia – para a mosca é o suficiente para que ela realize todo seu ciclo de existência. Sendo assim, o tempo não existe como forma fixa. Sua existência é relativa ao ciclo de existência de cada um que coexiste com ele. Logo, a vida, que tanto atribuímos o mérito de soberana; o sol que nos aquece; o universo que concluímos como o ápice do tudo... Talvez todo nosso vislumbre existencial seja uma breve explosão de rojão das comemorações de ano novo de um universo bem maior.