Um compromisso me aguardava num horário mais cedo na faculdade; 18:00 hs. Acordei tarde, por volta das 13:00 hs, por conta de uma leitura que me tomou o sono na noite passada. O clima frio que afligia me manteve em casa por todo o tempo restante entre o momento que acordei, e agora, 17:00 hs, que me encontro no ponto de ônibus. Encontrei a pouco um cigarro amassado no fundo de minha bolsa; havia, no entanto, tempos que meu hábito de fumante reduzira-se a dois ou três cigarros por dia. Culpa de uma tristeza que me tirava até a vontade de fumar. Ponderei que minha melancolia me proveria mais saúde. Acendi o cigarro; e o ônibus chegou.
Antes disso, porém, me ocupava de ler um livro sobre Budapeste; minha visão estava cansada, e as letras embaralhavam-se ao mesmo tempo em que manchas surgiam como que por mágica nas páginas do livro; tenho visto manchas. Senti certa tontura com a dança das letras e dos parágrafos, que me levou a guardar o livro. Assim achei o cigarro.
Com o cigarro levantado à altura de meus olhos, imaginava enquanto o olhava se ele tinha condições de ser fumado, tão amassado, que se o pilasse sobraria metade apenas. Foi olhando pro cigarro, que fora de foco ao fundo, reparei na esquina uma loja que não conhecia, ou não havia ainda reparado. Não conseguia ler a placa com seu nome e especialidade. Na realidade, lia com muito esforço algo que me parecia com: confeitaria; mas o local não me parecia muito próprio ou, até mesmo favorável, para a presença de uma confeitaria. Circundando a loja, viam-se bares repletos de bebuns capengas e de boca amarga por opção; escadarias que se iniciavam em portinhas estreitas guardadas por leões-de-chácara, e de onde vazava uma iluminação avermelhada e convidativa de prazeres muito mais açucarados. Definitivamente não era ambiente para uma confeitaria.
Minha curiosidade superou meu medo de perder o ônibus, e tomei rumo à esquina percussora de minha incógnita. Nos primeiro passos, me veio de súbito um desejo de realmente estar errado, assim teria a certeza de que minha visão falha era o sujeito das cada vez mais freqüentes tonturas e dores de cabeça que vinham me afligindo, e não, algo mais grave, como comumente se pensa em primeiro lugar sempre que uma dor ou incomodo nos invade. Cheguei perto o bastante para ler, e estava certo quanto estar errado: “Confecção” lia-se em negrito, logo abaixo em tamanho inferior e quase imperceptível: “Loja de fábrica”. Era uma loja de roupas, que pra mim soava tão incoerente naquele lugar quanto uma confeitaria. Pois bem. Bêbados e putas também precisam se vestir; ainda que no segundo caso somente em dias de folga.
Voltando ao ponto de ônibus, reparei, ainda segurava o cigarro, que agora estava mais amassado e frouxo do que nunca. Busquei na bolsa um isqueiro, encontrei um fósforo; acendi o cigarro que por pouco não queimou inteiro na primeira tragada. O ônibus chegou, e tive de dispensar.
O ônibus, não o cigarro.
Antes disso, porém, me ocupava de ler um livro sobre Budapeste; minha visão estava cansada, e as letras embaralhavam-se ao mesmo tempo em que manchas surgiam como que por mágica nas páginas do livro; tenho visto manchas. Senti certa tontura com a dança das letras e dos parágrafos, que me levou a guardar o livro. Assim achei o cigarro.
Com o cigarro levantado à altura de meus olhos, imaginava enquanto o olhava se ele tinha condições de ser fumado, tão amassado, que se o pilasse sobraria metade apenas. Foi olhando pro cigarro, que fora de foco ao fundo, reparei na esquina uma loja que não conhecia, ou não havia ainda reparado. Não conseguia ler a placa com seu nome e especialidade. Na realidade, lia com muito esforço algo que me parecia com: confeitaria; mas o local não me parecia muito próprio ou, até mesmo favorável, para a presença de uma confeitaria. Circundando a loja, viam-se bares repletos de bebuns capengas e de boca amarga por opção; escadarias que se iniciavam em portinhas estreitas guardadas por leões-de-chácara, e de onde vazava uma iluminação avermelhada e convidativa de prazeres muito mais açucarados. Definitivamente não era ambiente para uma confeitaria.
Minha curiosidade superou meu medo de perder o ônibus, e tomei rumo à esquina percussora de minha incógnita. Nos primeiro passos, me veio de súbito um desejo de realmente estar errado, assim teria a certeza de que minha visão falha era o sujeito das cada vez mais freqüentes tonturas e dores de cabeça que vinham me afligindo, e não, algo mais grave, como comumente se pensa em primeiro lugar sempre que uma dor ou incomodo nos invade. Cheguei perto o bastante para ler, e estava certo quanto estar errado: “Confecção” lia-se em negrito, logo abaixo em tamanho inferior e quase imperceptível: “Loja de fábrica”. Era uma loja de roupas, que pra mim soava tão incoerente naquele lugar quanto uma confeitaria. Pois bem. Bêbados e putas também precisam se vestir; ainda que no segundo caso somente em dias de folga.
Voltando ao ponto de ônibus, reparei, ainda segurava o cigarro, que agora estava mais amassado e frouxo do que nunca. Busquei na bolsa um isqueiro, encontrei um fósforo; acendi o cigarro que por pouco não queimou inteiro na primeira tragada. O ônibus chegou, e tive de dispensar.
O ônibus, não o cigarro.