terça-feira, 30 de setembro de 2008

Retiro dos heróis - Cena - TEATRO

Uma mesa com um pano verde (a lá mesa de jogatina) está disposta no centro do palco. De forma bem caricata em andar idoso aproximam-se três personagens: Batman, Mulher Maravilha e Superman. Eles se acomodam na mesa e iniciam o ritual das jogatinas – retirando da bolsa baralho etc. – Acho interessante que um deles entre de andador, outro carregando um pedestal de soro... etc.

Batman – Já vou avisando! Se o Superman usar a visão de raio x pra ver as cartas eu to fora.
Mulher Maravilha – Quem trouxe o Gin?
Superman – o milionário aqui é a morcegona ai... – apontando com a cabeça pra o Batman.
Batman – Morcegona é sua mãe, seu caipira... – e tira uma garrafa de trás da capa.
Mulher Maravilha – Não começa vocês dois... Quero passar uma tarde agradável hoje. – já se servindo de gin - E cadê a mulher gato pra fazer dupla com você, hein Batman?
Batman – Sei lá daquela vaca... Passou a noite toda ronronando no telhado. Acho que está no cio.

Mulher gato entra em cena. Também caracterizada bem idosa; deve estar com uma sonda urinária e em passos bem lerdos e sofridos Nesse momento a Mulher Maravilha já começa a organizar o carteado embaralhando e tal... A mulher gato se senta na cadeira que estava a sua espera e as cartas começam a ser distribuídas. É uma espécie de canastra, e eles vão descartando e comprando durante todo o diálogo. Ela diz:

Mulher Gato – Eu e o Robin né seu velho boiola!??!
Batman – Quê que você quer dizer com isso? (em tom preocupado)
Mulher Gato – Qualé, cara? De quinze em quinze minutos vocês somem pra ele trocar sua fralda geriátrica... Vocês acham que eu sou boba? –
Ela leva o dedo aos olhos para dar a entender que está de olho.
Batman – É que tenho incontinência urinária... (encabulado)
Superman – Eu também... Sabe que quando começou eu ainda voava e...
Mulher Maravilha – Cala a boca imbecil –
dando um tapa em Superman que se mostra bastante sensível, bem meninão...
Mulher Gato – Aí, falando nisso, não agüento mais essa sonda –
ela aponta a sonda que pende ao seu lado, dirigindo-se à Mulher Maravilha.
Batman – (de viés cochichando ao Superman) Se ela não mijasse na areia do parquinho não tinha pego essa infecção... (os dois riem contidamente)
Mulher Gato – O que você disse –
Nervosa.
Batman/Superman (coro) Nada. Nada.
Mulher Maravilha – Mudando de assunto (com ar de acalantar os ânimos), ficaram sabendo sobre o bingo beneficente do Homem Aranha nesse fim de semana ?
Superman – Bingo beneficente pra quê?
Mulher Gato – (se intromente) A Mary Jane ficou grávida e deu à luz um casulo com duzentos e cinqüenta homen aranhinhas...
Batman – HUm... Esse tá pego... (e ri sarcástico cutucando Superman)
Superman – Uou! – rindo junto ao Batman.
Batman – Essa eu não perco... Vou mandar o Robin lustrar o Bat Carro.
Mulher Gato – Porque você se cerca sempre de ninfetinhos hein seu pervertido? (ela bate com as cartas na mesa em uma revolta comum quando o nome de Robin é levantado) Já é o qüinquagésimo Robin que você arranja e ....

Começam todos a discutir ao mesmo tempo e Superman crava o silêncio com um grito.

Superman – Quietos! Que saco...

O silêncio volta e todos recomeçam tacitamente o jogo.

Batman – Bom... Mas eu vou...
Superman – Tem lugar no Bat carro pra mim?
Batman – Opa! Mas o Robin deve ir na frente. Ele me ajuda a trocar a marcha (e faz gestos imitando o trocar de marchas de uma forma quase orgástica)
Mulher Gato – Ah... É assim?! Pois bem. Eu vou com a Mulher Maravilha –
mostrando a língua ao Batman (desdenhosa)
Mulher Maravilha – Pois é... Mas eu não sei se vou, sabe... (meio encabulada)
Mulher Gato – Ué! Você que lembrou do bingo... Porque não vai?

Superman – (se intromete) Ela não lembra onde estacionou o jato invisível.


Batman e Superman riem a valer. Mulher Gato consola a mulher maravilha em seu ombro.
Fecha a cortina.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O peso de Quem quer

Levanta a mão se és homem.
És covarde quando ataca,
És burra quando aceita
E reconcilia
E pensa que no ódio disse asneira;

Pérfida homília...
Coisa de matraca.

Mas a verdade que lhe rondava,
E os embustes que ele vendeu.
Você cega, nem notava.
E Tácita; inocente, os acolheu.

Como se abandonar fosse
Esquecer de dizer quem lhe é
Permanente afoite.

Digas por que, mulher,
Mentis assim?
Na cama à noite,
Se no dia enfim:

Nasce roxa, murcha e farta.
Esquece a rosa;
Engole a farpa.
E toda prosa;
Inclina à faca.

domingo, 21 de setembro de 2008

o paradigma do Domingo

Hoje é domingo
Pede cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo...

E é verdade!

Soneto do amor de pedra

É ela quem gosta dos domingos intimistas.
Das noites sem fim.
Dos sambas, dos passistas
Mas não gosta de mim...

É ela quem entrega seu amor,
Aos que não querem
É quem grita de pavor
Quando lhe merecem.

Ela nem sabe ao certo,
Quais os que lhe esquecem.
Mas mantém por perto,

Seus olhos de concreto.
Aos que amolecem,
Seu coração decrépito.

Três poesias sem relação e coração

No rubro negro dos teus óculos
o verde de teus olhos.
A lourice em teu cabelo
já foi vermelha.
E o rosado de teus lábios
ainda inspira
devaneios;
a vontade se assemelha
sem rodeios,
Oh teus seios...
Tua forma.
O que lês?
O que vês?
O que tanto espera na tristeza?
Como quem não quer
lhe foge um sorriso.
Com leveza:
um aviso
de mulher .

--------------------------------------------------------

Uni o verso, uni!
Uni em verso o que te peço, uni!
Uni o inverso do universo, e puni.
O controverso réu confesso, que zuni.
Afogueado e submerso, no culmi.
Do crime
Calmo
Imune
Em pane.

----------------------------------------------------------

O marinheiro ama uma puta;
a coloca no altar depois derruba
Desaforo.
Uma paixão em cada porto;
um aborto.
Então zarpou.
Bêbado,
e nunca voltou

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Truco Feminino

As meninas jogando truco pedem:

- MEIO PAU!

Triste pesar... Normalmente nem um pau inteiro as contenta.

sábado, 6 de setembro de 2008

DOLORES

Não penses que me enganas,
pois em outras camas eu sei que estas.
E nos bordeis tantas “damas”
atendem-te prontas como ao “capataz”.

Em meu nome você nunca deu nada demais.
Pensei te conhecer de traz pra frente e de frente pra traz.

Seco murcho magro descarnado de amor.
Parco turvo opaco, escasso de sabor
Austero áspero, líbero do mundo, és assim.
E ainda despoja a ternura do pouco que sobra de mim.