1-INT. CASA DE GRIEG: QUARTO – DIA
Estamos no quarto de Grieg. É um quarto de casal; temos ao lado da cama um criado-mudo, onde temos um relógio digital.
O relógio marca 10:00. Ao fundo, há um espelho que reflete o relógio pelas costas e Grieg sobre a cama. Nesse momento, estamos fechados no relógio. Ao bater 10:01, damos um zoom in em direção ao espelho, focalizando então Grieg; que está acordado olhando para o relógio.
GRIEG (V.O.)- Passava das dez quando resolvi sair da cama. Na realidade havia acordado algum tempo antes, mas não encontrei ânimo pra levantar.
2 – INT. CASA GRIEG: COZINHA – DIA
Grieg está sentado à mesa. Está claramente abatido e desanimado, enquanto toma café e come um pão a muito custo. Ao seu redor, vemos cenas aceleradas de Madalena sentando-se e levantando-se da mesa. Indo a pia, lavando pratos, falando com Grieg tentando conter o filho pequeno que corre, sobe na cadeira, pula, e etc. A intenção da cena é passar um ambiente caótico ao redor de Grieg que parece estar em outro lugar.
GRIEG (V.O.)- Sabia que encontraria Madalena na cozinha falando pelos cotovelos, o pivete correndo e fazendo bagunça; gritando e chutando; enquanto eu, em meu mal-humor matinal conteria minha vontade na tênue linha entre explosão e indiferença.
Insert de uma cena de Grieg esganando o filho
com Madalena caída inerte aos seus pés. É um
insert rápido que surge somente no momento que ele diz: ‘explosão’. Logo voltamos à cena original, focando agora o rosto de grieg completamente distante.
3 -INT. CASA DE GRIEG: QUARTO – DIA
Grieg ainda está deitado. Estamos fechados em seu rosto.
GRIEG (V.O.)- Por isso hesitei em levantar.
4 -INT. CASA DE GRIEG: QUARTO – DIA
Abrimos o plano e Grieg está sentado na cama. Ele se espreguiça; calça o chinelo e etc. Se levanta.
GRIEG (V.O.)- No entanto, quando percebi a casa vazia, sem ‘Madalenas’ ou ‘Lukinhas’ para infernizar minha manhã, levantei.
5 -INT. CASA DE GRIEG: COZINHA – DIA
Grieg está na pia, nos o vemos pelas costas. Ele apanha a garrafa térmica e vira-se para a câmera. Ele enche um copo com café. Ao mesmo tempo em que isso acontece, ele segura um bilhete que encontrou sobre a pia. Ele devolve a garrafa térmica e começa a ler o bilhete. O Café está gelado e ele vira-se para a pia e gospe.
GRIEG (V.O.)- A primeira coisa que fiz foi cambalear até a cozinha para galgar um gole de café amanhecido; e isso prova que a garrafa térmica não funciona, e que a desgraçada da Madalena não teve o bom senso nem mesmo de me deixar café pronto antes de partir , como dizia seu bilhete:
INSERT FECHADO DO BILHETE
MADALENA (V.O.)- Fui pra casa da minha mãe!Por que você não tenta arrumar um emprego nesse meio tempo? Garanto que isso não vai atrofiar seu tão precioso cérebro...
Com amor: Ma.
6 -INT. CASA DE GRIEG: COZINHA – DIA
Vemos um plano mais aberto. Grieg amassa o bilhete, deixa o copo na pia.
GRIEG (V.O.)- É foda!
7 -INT. CASA DE GRIEG: BANHEIRO – DIA
Grieg está sentado na privada com uma revista. Ao seu lado há um lixinho com tampa onde estão um maço de cigarro e um isqueiro. Ele está cagando e vai fumar um cigarro. Ele gira o maço d diversas vezes e constata que está vazio.
GRIEG (V.O.)- Agora as empresas de cigarros inventaram de fazer um maço todo durinho que parece que está cheio mesmo quando está vazio; isso é pra que quando você pegue seus cigarros numa gana apoteótica de fumar o primeiro cigarro da manhã, perceba que fumou despreocupadamente na noite passada jurando por Deus que tinha ainda uns cinco caretas dentro do maço.
8-EXT. CASA DE GRIEG: QUINTAL – DIA
Grieg está fechando a porta.
GRIEG (V.O.)- Assim, você perde a noção de quanto fuma; fuma mais; e na manhã seguinte sai correndo de chinelos; bermuda rasgada e camiseta manchada de cândida para comprar mais. Desgraçados!
9-EXT. RUA CIÃO – DIA
Grieg caminha pela rua. No caminho, faremos takes fechados (câmera subjetiva) dos rostos das pessoas desaprovando Grieg.
GRIEG (V.O.)- O bar do Purtuga é na rua debaixo de casa. Porém nesse curto percurso, as pessoas que me cruzam olham com cara de pena; outras de nojo, como se a rua fosse um lugar excluso de suas vidas particulares, utilizada tão pouco e somente como via de locomoção para atingir ambientes privados, e sendo assim, necessitava do mínimo de requinte para transparecer em sua imagem, que seu destino individual é um lugar decente.
10-EXT. RUA CIÃO – DIA
Estamos mais a frente na rua. Vemos agora um plano aberto de Grieg, de forma que seja possível reparar seu desleixo.
GRIEG (V.O.)- Estou vestido mal sim! E daí? Só estou indo até o boteco comprar cigarros, preciso por um smoking?
11-EXT. Av. Utinga – DIA
Grieg chega à avenida. Ele olha os dois lados da rua, mas não atravessa. Ele fixa seu olhar à sua direita, com o rosto espantado.
GRIEG (V.O.)- Nem bem chego ao fim da artéria que corta a avenida e culmina em minha rua, me deparo com um caso antigo, de antes do meu pseudo-casamento;
12-EXT. Av. Utinga – DIA
Vemos uma mulher deslumbrante se aproximando. Ela caminha com leveza. Seus movimentos são exageradamente sexys. Acho que podemos fazer um plano mais fechado, no qual comecemos dos pés e subamos até atingir seu rosto; abrindo só então.
GRIEG (V.O.)- Lílian!
13-EXT. Av. Utinga – DIA
Os dois se aproximam, os takes vão seguindo, fechados, a descrição que Grieg faz do corpo da moça.
GRIEG (V.O.)- Olho para seu corpo tão certinho, justo ao esqueleto nas partes certas. Coxas grossas que culminam numa bunda redondinha e empinada. Cintura fina e seios fartos... Lábios entreabertos... Volumosos e úmidos.
14 -EXT. Av. Utinga – DIA
Esse é o momento em que os dois conversam. Imaginei em colocar varias cenas fechadas, de olhares maliciosos... Toques esquivos de mãos... Bocas... Respiração rápida.. e etc. Dando a entender que está rolando um clima.
GRIEG (V.O.)- Pergunto onde ela vai. Ela responde:
LILIAN (V.O em uníssono com Grieg) – Voltando do banco!
GRIEG (V.O.)- A convido a seguir caminho comigo. Ela não nega...
15 -INT. CASA DE GRIEG: SALA – DIA
Grieg e Lílian adentram a sala se agarrando ferozmente. Ele tenta fechar a porta atrás dele ao mesmo tempo em que é beijado por Lílian. É uma cena de muito tesão entre os dois.
16 -INT. CASA DE GRIEG: QUARTO – DIA
A cama não está exatamente como Grieg deixou quando acordou. Há várias revistas e bugigangas sobre ela. A cena agora será de um sexo animal. Num tapa só, ele atira as coisas que estavam sobre a cama no chão, e joga Lílian brutalmente sobre a cama. As cenas a meu ver, podem seguir a descrição em off de Grieg. Isso nos da a possibilidade de não mostrar muita coisa em take, e ainda assim deixar claro o que está acontecendo.
GRIEG (V.O.)- Sobre a cama haviam várias revistas que empurrei de lado para atirá-la no espaço que abri. Comecei a despi-la aos poucos primeiro a camisetinha vermelha; justa. Não havia sutiã com alças de silicone e bojo para lhe cobrir os peitinhos perfeitos em forma de pêra; abocanho a circunferência rosada de seus mamilos ao mesmo tempo em que lhe desabotôo a bermuda jeans. Ajoelho-me entre suas pernas e visualizo a beldade deitada, com os braços estendidos para traz; os olhos fechados e a fisionomia perdida no êxtase do momento. Abaixo-lhe a bermuda com cuidado cinematográfico de um diretor que não quer perder nenhum take. Corro as mãos modelando sua silhueta escalando seu tronco com a boca, contorno-lhe os seios como se a quisesse cheirar toda, com força suficiente para lhe atravessar caso fosse feita de barro. Inverto o percurso desta vez atingindo seu sexo, isso a faz estremecer e arquear o ventre para cima num gesto de entrega total. Ela me arranca a camisa manchada de cândida e me beija o peito, segue quase que imitando meus movimentos com leveza gravitacional e nesse momento eu mesmo me encarrego da bermuda rasgada. Ela percebe minha ação e assim retribui-me o favor.
Sinto a quentura de sua boca por um tempo e então lhe puxo rispidamente pelos cabelos trazendo-a de volta a minha perspectiva. Penetro-a devagar no inicio e em seguida lhe faço sentir. Penetro-a de frente; costas; lado; por cima; na versal; na transversal, frenético possuído. Ela grita e eu sinto seu gozo, isso me faz castigar-lhe ainda mais, e mais, e mais... Até que eu a alcanço; gozo.
Faremos aqui uma transição da seguinte forma: Iremos fechando o plano (zoom in) em alguma coisa a decidir, até o desfoque total. Para que na próxima cena, partamos do desfoque total invertendo a seqüência (zoom out)
17 -INT. CASA DE GRIEG: BANHEIRO – DIA
Podemos abrir o zoom out a partir da Torneira da pia s jorrando água. Abrimos a cena atingindo Grieg, pegando-o pelas costas, focalizando seu rosto no espelho.
GRIEG (V.O.)- Lavo o pau e as mãos, dou a descarga, e tento imaginar como estará Lilia hoje em dia. Homenagear outra mulher não é traição. Afinal de contas minha imaginação sempre excedeu meu poder de conquista.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
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